O Mundo em Perigo
Quando o Homem entrou na era atômica, ele abriu a porta para um novo mundo. O que eventualmente encontraremos nesse novo mundo, ninguém pode prever. — Dr. Harold Medford
★★★★★
Original: Them!
Ano: 1954
País: EUA
Direção: Gordon Douglas
Elenco: James Whitmore, Edmund Gwenn, James Arness, Joan Weldon, Onslow Stevens, Sean McClory, Sandy Descher
Sempre que preciso relaxar e descontrair, um filme em preto e branco é uma boa pedida. Não consigo explicar totalmente a magia que emana desses filmes, apesar da ausência de cores. Existe um charme especial em produções verdadeiramente feitas de forma prática e “real”: hoje em dia, tudo o que vemos é saturado de CGI e efeitos digitais, o que passa uma inquietante sensação de artificialidade. Sinto falta da profundidade, da alma e da dedicação que costumavam temperar os filmes mais antigos. Cada pedaço, cada detalhe, cada frame é tratado com tanta atenção e criatividade que, honestamente, é encantador!
Desta vez, escolhi o clássico O Mundo em Perigo (1954), que apresenta uma trama sobre formigas gigantes espalhando caos e desordem na era Atômica. E, realmente, “encantador” é uma palavra que descreve bem este filme. Os efeitos práticos são impressionantes e as formigas são fascinantes, com um visual tão criativo e realista que te convencem a suspender a crença de maneira envolvente. A sonografia é igualmente fantástica, criando uma atmosfera de suspense e tensão que te prende do começo ao fim. As atuações são ótimas e, em certos momentos, o filme assume um tom de investigação criminal, com perseguições policiais e até leves ares de guerra. Essa oscilação temática é surpreendentemente envolvente e bem feita.
Podemos estar testemunhando uma profecia bíblica se realizando: A destruição e a escuridão descerão sobre o mundo e as feras reinarão sobre a Terra.
Não sei o que esperava, mas fiquei impressionada com a qualidade de tudo, até os menores detalhes: dos cenários à fluidez das transições de cena. Tudo isso superou, de longe, muitas produções atuais — pelo menos para o meu gosto pessoal. Às vezes, ao assistir a esses filmes, me questiono se não estamos presenciando um leve declínio na indústria cinematográfica. É até difícil não se sentir nostálgico por uma época em que fazer filmes era muito mais sobre fazer arte do que sobre lucro. É por isso que venho mergulhando no máximo de filmes dos anos 20–60 que posso — e eu realmente recomendo que todos façam o mesmo, é uma delícia!*
*Escrevi essa resenha em 10 de agosto de 2024, e, enquanto revisava hoje para publicar no blog, percebi que a atual “renascença” do terror está reacendendo minha empolgação com o futuro do cinema. Embora eu continue a sentir que a indústria está um pouco à deriva, principalmente por causa dos grandes blockbusters e franquias que exageram no CGI e negligenciam a qualidade, fiquei animada ao perceber que há uma nova onda de filmes que está trazendo um frescor inesperado.
Particularmente, a recente popularidade dos slashers adolescentes com um toque de comédia (e frequentemente uma pitada de “riot girl”, como em Freaky, Dezesseis Facadas, Lisa Frankenstein, entre outros) tem me dado motivos para acreditar novamente no potencial do gênero. Esses filmes satisfazem tanto meu lado fã de terror quanto meu lado garota adolescente que nunca cresceu. E, bem, esse foi o meu momento de confissão. Estou genuinamente empolgada com o que vem por aí!